Ana Pinto
Respiração Consciente
A respiração é uma das nossas funções mais naturais. Respiramos de forma automática a cada instante da nossa vida, desde a primeira inspiração até à expiração final. Provavelmente é o processo biológico com maior importância ao qual prestamos menor atenção. Qualificamos a forma como nos alimentamos e quantificamos o que bebemos, mas na grande maioria das vezes não paramos para pensar na forma como respiramos. Estarmos conscientes do mais básico que existe em nós é essencial para começarmos a prestar atenção ao mundo envolvente. O foco na respiração é a forma mais poderosa para nos ligarmos ao momento presente. E haverá melhor forma de compreender a nossa presença no mundo do que com o ar que inspiramos e expiramos a cada momento?
A respiração consciente e profunda proporciona benefícios incalculáveis ao nosso cérebro e à nossa alma. Uma vez conectada diretamente com o nosso sistema nervoso, é possível permanecermos calmos se soubermos controlar a nossa respiração. Integrar um novo hábito à nossa rotina com exercícios de respiração lenta e profunda é uma forma de melhorarmos o nosso bem-estar físico e mental. Dê tempo ao ar fresco de encher os pulmões, para que possa ser substituído o ar velho e impuro que permanece repousado. Inspire profundamente, retenha a respiração por breves momentos, e expire de forma controlada. Ao fazer este exercício de forma consciente durante dois a três minutos, permite aos pulmões saborear o novo ar que regenera e que nos traz nova vida.
Um dos primeiros ensinamentos do Yoga é precisamente o uso adequado da respiração, uma vez que é através dessa ação consciente que conectamos o nosso coração ao corpo e expressamos a alegria de viver ao mundo. A respiração torna-se central à prática, uma vez que é necessário ao movimento das posturas e à permanência nas mesmas. As aulas de Yoga devem dedicar alguns minutos iniciais a técnicas de respiração específicas (Pranayamas), para controlo, disciplina mental e foco no momento presente. É importante ter em conta que todos respiramos de forma diferente, e independentemente de como os outros o fazem, devemos aceitar e respirar, sem julgamentos.
De que forma respira?
Todos nós respiramos de forma automática e temos o conhecimento inerente do que significa “respirar profundamente” e do quão aflitivo pode ser ficar sem fôlego. Para uma resposta verdadeira a si próprio, sugere-se que experimente o exercício de observação da respiração:
Pode fazê-lo sentado ou deitado, dependendo do local e das condições que lhe são favoráveis. O importante é sentir-se confortável.
Coloque uma mão sobre o umbigo e a outra no peito.
Respire de forma natural, pelo nariz.
Uma vez a respiração estável e natural, questione, com curiosidade e sem julgamento:
“A respiração é curta ou longa? A inspiração é diferente da expiração?”
“A respiração é superficial, intermédia ou profunda?”
“Onde sente a respiração? Na barriga, mais acima no peito?“
“Como é que o corpo se sente quando respira?”
A verdade é que não precisa de procurar uma resposta mental óbvia. Apenas observe como o corpo se sente com essas questões.

Pranayama
Apesar de ser confundido constantemente com o acto de respirar, Pranayama é um conjunto de técnicas respiratórias projetadas para ajudar o praticante de Yoga a dominar e gerir a energia do corpo. A palavra Pranayama, do Sânscrito, significa “expansão da força da vida”. Prana é a energia vital que existe à nossa volta, ayama surge como expansão. Para o praticante, a respiração surge como uma extensão do prana à medida que se move no corpo. Pranayama é o equilíbrio da energia dentro e fora do corpo. Desta forma, uma maior consciência da respiração proporciona qualidade para a prática das posturas (asanas).
Por norma, o corpo acumula tensões físicas e crenças emocionais disfuncionais que impedem a entrada da energia exterior. As técnicas de respiração ajudam na libertação dessas limitações e acalma o sistema nervoso. É por essa razão que após uma aula de Yoga, podemos ter a experiência de sentir que algo mudou.
O primeiro passo é dado a partir do momento em que sentimos que deve existir uma mudança em nós, apesar de por vezes ser no mais básico do nosso ser, a respiração. Ao inspirarmos, recebemos vida de todo o Universo que nos rodeia, mas lembremo-nos sempre que ao expirarmos também compartilhamos algo nosso com os outros. Aqueles que aprendem a viver nesta harmonia abrem portas para a consciência.